13 maio 2011

restaurador olex

Fiquei órfã de avô aos 10 anos, aquele avô com quem tenho tudo a ver. Faz-me falta todos os dias e mendigo a atenção e o olhar de um avô desde então. Acho que é por isso que tenho especial carinho por alguns homens mais velhos, homens honestos, esforçados, pacientes, que nem sempre têm quem os valorize. Uma mulher de idade é uma pessoa cansada, tantas vezes amargurada, mas vitoriosa do que ultrapassou; um homem de cabelos brancos é um rapazinho com saudades do cólo da mãe que já perdeu.
Trabalha comigo um senhor que, na iminência de ter de procurar novo emprego, escureceu o cabelo. Dá-me vontade de chorar que, nesta idade, ainda não tenha a segurança económica que merece.

4 comentários:

Micas disse...

Muito triste, sim!
Eu ainda tenho os meus avós maternos, o que quer dizer que os meus filhos vão ter, espero, memórias bem vivas dos bisavós. Lembro-me de uma das minhas bisavós, do cheiro, do luto, das bolachas maria moles que me oferecia. Era muito alta (não saio nada a ela...) e já velhinha. Os meus avós ainda não têm aquela imagem, daí achar que os meus filhos vão ter boas lembranças deles, ainda vão à horta e ver as galinhas com a minha avó.
O meu avô é brilhante, é o meu herói, a minha referência de vida. Tem parkinson, e o corpo não lhe responde como a cabeço, o que o magoa e frustra, mas vai andando. Se os meus filhos não tivessem nascido tenho a certeza que o meu avô já teria morrido, juro. A doença apareceu e a queda dele como o Homem que é e sempre foi, foi enorme e começámos a vê-lo desistir. O Amadeu nasceu, demos-lhe o nome do pai do meu avô e ele renasceu também. Às vezes, muitas vezes, acho que é por eles que não desiste de respirar, a alegria dos olhos quando os vê, a força com que os abraça...
O que mais me toca é o medo que tem de que alguma coisa lhes aconteça. O meu avô tem pesadelos recorrentes em que lhes acontece algo de mau e acorda a chorar e chora todo o dia e conta o que sonhou como se tivesse acontecido mesmo... e volta a chorar de desespero... é impressionante!

Tenho tanta pena das pessoas que desistem dos seus velhos, dos miudos que não ligam aos avós, dos miudos que desprezam os seus velhos, cultura mais parva, sociedade mais triste... pelos vistos não é só aqui... uma pena, de facto!

Micas disse...

Era eu, em cima, com uma identificação diferente...
Vera

gralha disse...

O que é isso de usares um dos meus petit noms, Vera ;)
Os avôs rulam!

Micas disse...

Mas eu desconhecia que és Micas...
Este Micas é de Miguel, aliás, de São Miguel, é o nome de um novo projecto da associação do meu bairro (são miguel) de festas para crianças. Tinhamos até um blog muito giro e nestes dias em que o blogger tremeu foi-se, todinho, tanto trabalhinho e foi todo ao ar...
Beijocas, Micas!